FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE RORAIMA

Impactos do coronavírus sobre o comércio de Roraima

Artigo Técnico 004/2021 de 29 de janeiro de 2021

Impactos do coronavírus sobre o comércio de Roraima

A pandemia do novo coronavírus (COVID-19), que chegou definitivamente em Roraima em meados do mês de março de 2020 atingiu seriamente toda a economia do Estado, reduzindo o consumo das famílias, a receita de vendas, a confiança dos empresários, e consequentemente extinguindo vários postos de trabalho, que gerou uma recessão na economia local.
Contudo, o empresário tem por essência sua resiliência e adaptabilidade as condições adversas, o que permitiu mostrar uma recuperação econômica já a partir do mês de julho, tendo um incremento ainda maior após a reabertura do comércio em Boa Vista.
Podemos identificar claramente três momentos distintos que a economia roraimense passou desde o início de 2020, caracterizando por um momento de contínuo crescimento no 1º trimestre do ano, passado logo em seguida por uma queda acentuada em boa parte das atividades comerciais, que se estendeu por todo o 2º trimestre, voltando a apresentar sinais de retomada do crescimento apenas na metade do 3º trimestre e mantendo essa elevação durante o último trimestre do ano de 2020.
O ano de 2021 iniciou com maior cautela em virtude do aumento do número de casos de COVID-19 no Brasil e em Roraima, e consequentemente, o aumento das restrições das atividades comerciais e de locomoção.
Com o encerramento do Auxílio Emergencial, que segurou a economia brasileira durante o período mais crítico da pandemia, o aumento do endividamento público e o processo ainda incipiente da vacinação no Brasil, levantam incertezas quanto ao desempenho econômico no primeiro semestre de 2021.
 
Confiança dos empresários roraimenses
 
O ano de 2020 começou com crescimento contínuo da confiança do empresariado do comércio em Roraima, atingindo o seu pico em março, quando o valor do índice ICEC foi de 137,7 pontos, bem acima do nível de indiferença de 100 pontos, que mostra que os empresários estavam bem otimistas, contudo, esse quadro se inverteu em abril, apresentando quedas acentuadas nos meses de maio e junho, e chegando ao seu ponto mais baixo em julho, quando atingiu 78,1 pontos.
A partir de agosto a tendência se inverte, mas ainda não retomando a patamares anteriores à crise.

Em janeiro, depois de cinco meses seguidos de alta, a confiança dos empresários voltou a cair, influenciado pela segunda onda da COVID-19 aqui em Roraima, freando a recuperação economica apresentada nos últimos meses.
Os pontos negativos apontados pelos empresários roraimenses em janeiro foram em relação a condição atual da economia e a situação dos estoques, contudo, ainda continuam confiantes em relação ao aumento do seu quadro de funcionários.
 
Intenção de consumo das famílias roraimenses

Os consumidores geralmente são mais cautelosos com os gastos no início do ano, contudo, nos meses de fevereiro e março observou-se leves crescimentos na intenção de consumo, influenciado pelo nível de consumo atual das famílias e as boas perspectivas futuras de consumo.
Contudo, de abril a agosto essa intenção despenca de forma acentuada até julho, reduzindo essa retração em agosto e retomando o crescimento, de forma continuada apenas em dezembro de 2020.
Apesar da melhora no mês de janeiro deste ano, 60% das famílias roraimenses ainda estão comprando menos.

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Volume de vendas e receita nominal do comércio varejista
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE também retratou bem essas variações no comércio varejista de Roraima, enquanto nos dois primeiros meses do ano houve incremento no volume de vendas e na receita das empresas, em comparação ao mesmo período de 2019, a partir de março começa a apresentar quedas acentuadas, tendo o seu ponto mais crítico no mês de abril.
 Contudo, observa-se uma tendência de redução no crescimento das vendas do comércio a partir último trimestre de 2020.

Arrecadação de impostos
No ano de 2020 já foram arrecadados R$ 441,1 milhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as atividades de comércio em Roraima, que representa um crescimento de 18,3% na comparação com o mesmo período de 2019.
Nota-se uma queda de arrecadação entre os meses de fevereiro a maio, retornando a crescer de forma ascendente em junho, finalizando o ano com aumentos muito significativos nos dois últimos meses do ano, quando a arrecadação de ICMS do comércio de Roraima quase dobrou de valor, se aproximando da casa dos R$ 50 milhões em dezembro.

Geração de empregos formais

Em 2020 foram criados 3.777 novos postos de trabalho formais em Roraima, 67% a mais do que o resultado apresentado em 2019, quando foram gerados 2.261 novos postos de trabalho.
As quedas nos postos de trabalho apresentadas no 2º trimestre de 2020 foram compensadas pelas novas vagas criadas durante os dois trimestres seguintes.
Em termos relativos, houve um incremento de 6,86% no total de trabalhadores formais no Estado, totalizando 58,8 mil empregados formais, sendo pelo segundo ano seguido a maior geração de empregos entre todas as unidades da federação.

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Cerca de 73% dos postos de trabalho criados no comércio roraimense em 2020 são provenientes do comércio varejista, que apresentou saldo de 527 novos postos, incrementando 3,47% o total de empregos neste segmento, fechando o ano com 15,7 mil trabalhadores.
Em segundo lugar encontra-se o comércio atacadista, que criou 140 novos postos, crescendo 4,63%, maior incremento dentre os segmentos do comércio.
O comércio e reparação de veículos também apresentou saldo positivo na geração de empregos, contudo em níveis mais baixos que os demais segmentos, sendo responsável pela criação de 56 novos postos, que representa uma elevação 3,34%.

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Em relação ao comércio varejista, o segmento de materiais de construção, que é o 2º maior em número de pessoas empregos, foi o que mais criou postos de trabalho em 2020, com 250 novos postos de trabalho, o que representa um aumento de 14,76% em relação ao total de pessoas empregadas neste setor.
Também se destacou o segmento de hipermercados, supermercados e minimercados, maior segmento do comércio varejista em Roraima, que criou 221 postos de trabalho, registrando crescimento de 4,64%.

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FÁBIO RODRIGUES MARTINEZ
CORECON-RR 2077

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