FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE RORAIMA

Impactos do coronavírus sobre o comércio de Roraima

Artigo Técnico 043/2020 de 20 de outubro de 2020

Impactos do coronavírus sobre o comércio de Roraima

A pandemia do novo coronavírus (COVID-19), que chegou definitivamente em Roraima em meados do mês de março atingiu seriamente toda a economia do Estado, reduzindo o consumo das famílias, a receita de vendas, a confiança dos empresários, e consequentemente extinguindo vários postos de trabalho, que gerou uma recessão na economia local.

Contudo, o empresário tem por essência sua resiliência e adaptabilidade as condições adversas, o que permitiu mostrar uma recuperação econômica já a partir do mês de julho, tendo um incremento ainda maior após a reabertura do comércio em Boa Vista.

A Fecomércio-RR vem acompanhando de perto esse movimento, utilizando pesquisas próprias e dados estatísticos de órgão oficiais, o que auxiliou aos empresários locais um conhecimento mais profundo sobre os impactos da pandemia na economia de Roraima, possibilitando uma melhor tomada de decisões.

Podemos identificar claramente três momentos distintos que a economia roraimenses passou desde o inicio de 2020, caracterizando por um momento de continuo crescimento no 1º trimestre do ano, passado logo em seguida por uma queda acentuada em boa parte das atividades comerciais, que se estendeu por todo o 2º trimestre, voltando a apresentar sinais de retomada do crescimento apenas na metade do 3º trimestre.

Para o último trimestre do ano, espera-se uma continuidade da retomada do crescimento, contudo, com resultados econômicos ainda levemente inferiores aos apresentados no mesmo período do ano passado.

Confiança dos empresários roraimenses

O ano de 2020 começou com crescimento continuo da confiança do empresariado do comércio em Roraima, atingindo o seu pico em março, quando o valor do índice ICEC foi de 137,7 pontos, bem acima do nível de indiferença de 100 pontos, que mostra que os empresários estavam bem otimistas, contudo, esse quadro se inverteu em abril, apresentando quedas acentuadas nos meses de maio e junho, e chegando ao seu ponto mais baixo em julho, quando atingiu 78,1 pontos. A parir de agosto a tendência se inverte, mas ainda não retomando a patamares anteriores a crise.

Intenção de consumo das famílias roraimenses

Os consumidores geralmente são mais cautelosos com os gastos no início do ano, contudo, nos meses de fevereiro e março observou leves crescimentos na intenção de consumo, influenciado pelo nível de consumo atual das famílias e as boas perspectivas futuras de consumo.

Contudo, de abril a agosto essa intenção despenca de forma acentuada até julho, reduzindo essa retração em agosto e retomando o crescimento apenas em setembro.

Apesar da melhora no mês passado, mais da metade (53%) das famílias roraimenses ainda estão comprando menos.

Volume de vendas e receita nominal do comércio varejista

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE também retratou bem essas variações no comércio varejista de Roraima, enquanto que nos dois primeiros meses do ano houve incremento no volume de vendas e na receita das empresas, em comparação ao mesmo período de 2019, a partir de março começa a apresentar quedas acentuadas, tendo o seu ponto mais crítico no mês de abril.

 Quando comparado com o comércio varejista ampliado, que engloba também as vendas de veículos e materiais de construção, observa-se uma redução menor, e uma retomada do crescimento mais cedo, já no mês de junho.

Arrecadação de impostos

De janeiro a setembro deste ano já foram arrecadados R$ 304,8 milhões de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre as atividades de comércio em Roraima, que representa um crescimento de 11,3% na comparação com o mesmo período de 2019.

Nota-se que apenas nos meses de abril e maio é que houve queda de fato na arrecadação deste imposto, com destaque para o mês de maio, quando o valor foi de R$ 25 milhões, menor valor no ano. Contudo, nos meses de agosto e setembro a arrecadação aumentou acentuadamente, com crescimento de mais de 30%, ultrapassando pela primeira vez no ano a casa dos R$ 40 milhões.

Geração de empregos formais

Nos oito primeiros meses do ano foram criados 602 novos postos de trabalho formais em Roraima, apesar de ser inferior ao saldo apresentado no mesmo período do ano passado, que tinha sido de 915 postos, já sinaliza uma recuperação de partes dos empregos perdidos durante os meses mais críticos da crise econômica.

Entre abril e maio deste ano, foram exitntos cerca de 1,6 mil empregos, sendo em sua grande maioria, nos setores de comércio (-661) e serviços (-476).

Nos meses de junho a agosto, houve a criação de 933 empregos, sendo 600 destes apenas no comércio.

Dentre os segmentos do comércio, o setor varejista foi o que mais empregou em agosto, apresentado saldo de 128 novos postos, sendo o terceiro mês seguido de alta.

Contudo, no acumulado do ano, o comércio varejista ainda acumula perdas no número de postos de trabalho, sendo extintas 233 vagas nos oito primeiros meses do ano.

O comércio atacadista é o segmento com os melhores resultado, no acumulado do ano, já recuperando integralmente todas as perdas registradas entre abril e maio (-93).

Enquanto o comércio e reparação de veículos apresentou pelo segundo mês seguido resultado positivo na geração de empregos, revertendo assim o resultado negativo que vinha apresentado para o acumulado do ano.

O segmento de vestuário, acessórios e calçados, que é o maior, em número de pessoas empregas dentro do comércio varejista, foi o principal responsável pelo resultado negativo do acumulado do ano, sendo perdidos 341 postos de trabalho, o que representa uma retração de 16,96% em relação ao total de pessoas empregadas neste setor.

Por outro lado, o segmento de hipermercados, supermercados e minimercados criou até agosto 181 novos postos de trabalho, registrando crescimento de 3,80%.

FÁBIO RODRIGUES MARTINEZ
CORECON-RR 2077

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