FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE RORAIMA

Acompanhamento dos impactos da pandemia de coronavírus na economia de Roraima

Artigo Técnico 22/2020 de 01 de junho de 2020

 

Acompanhamento dos impactos da pandemia de coronavírus na economia de Roraima

 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima (Fecomércio-RR) vem acompanhando de perto os impactos econômicos em decorrência da pandemia de COVID-19 no Estado, analisando os reflexos negativos nas atividades de comércio, serviços e turismo de Roraima.

Os dados de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) mostram uma redução de 7,4% na propensão a consumir das famílias roraimenses só nos últimos dois meses (abril e maio), essa retração implica em quedas nas vendas das empresas locais.

 

Gráfico 1 – Intenção de consumo das famílias roraimenses

Fonte: ICF/CNC. Elaboração: Fecomércio-RR

 

Adicionalmente, pelo terceiro mês seguido aumentou o endividamento, inadimplência e a impossibilidade de honrar com os compromissos financeiros por parte das famílias roraimenses, ao todo já temos 31,6 mil famílias com contas em atraso e 8,7 mil que não tem condições de pagar suas contas.

Gráfico 2 – Total de famílias roraimenses endividados, inadimplentes e que não tem condições de pagar suas contas

Fonte: PEIC/CNC. Elaboração: Fecomércio-RR

 

Tal cenário fez despencar o Índice de Confiança do Empresariado do Comércio (ICEC) em Roraima ao menor valor desde dezembro de 2016. O índice retraiu 28% em apenas dois meses.

 

Gráfico 3 – Confiança do empresário do comércio – Roraima.

Fonte: ICEC/CNC; Elaboração: Fecomércio-RR

Além disso, o IBGE mostrou que no mês de março deste ano, o volume de vendas do comércio varejista de Roraima caiu 6,4%, na comparação com o mesmo período do ano passado. A queda foi ainda mais acentuada no setor de serviços, que retraiu 8,5% em março.

 

Gráfico 4 – Variação no mês de março / 2020 em comparação ao mesmo período do ano passado – Roraima.

Fonte: PMC e PMS/IBGE; Elaboração: Fecomércio-RR

 

Como anteviu a pesquisa realizada pela Fecomércio-RR, a crise econômica forçou 43% dos entrevistados a reduzirem o seu quadro de funcionários desde o início das medidas de isolamento social, que se deu em meados do mês de março, e como mostrou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério da Economia, em abril deste ano foram extintos 1.044 postos de trabalho formais aqui em Roraima.

A grande maioria destas perdas se concentrou no segmento de Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas, onde foram extintos 492 empregos. No acumulado de janeiro a abril deste ano a retração já chega a 592 postos de trabalho perdidos só no comércio.

 

Quadro 1 – Saldo de empregos formais – Roraima

Atividades EconômicasAbril 2020Acumulado no ano
Construção-166642
Atividades Administrativas e Serviços Complementares23181
Educação-46106
Outras Atividades de Serviços-1367
Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas-716
Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados-210
Indústrias Extrativas08
Atividades Imobiliárias21
Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e Descontaminação3-4
Indústrias de Transformação-20-7
Artes, Cultura, Esporte e Recreação-10-12
Saúde Humana e Serviços Sociais-52-15
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social-4-16
Eletricidade e Gás-11-26
Informação e Comunicação-18-29
Alojamento e Alimentação-118-32
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura-32-61
Transporte, Armazenagem e Correio-81-102
Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas-492-592
Total-1.044135

Fonte: CAGED / Ministério da Economia; Elaboração: Fecomércio-RR

 

Segundo o Ministério da Economia, apesar da retração nos postos de trabalho apresentado no mês de abril, o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda conseguiu preservar 5.894 empregos em Roraima, não sendo divulgado o tipo de modalidade na qual estes postos de trabalho foram preservados (suspenção, redução da carga horária, ou trabalho intermitente).

 

Assim como as atividades comerciais, o turismo também apresentou retração significativa em virtude da pandemia de COVID-19, tendo perdas de postos de trabalho formal principalmente no segmento de Alojamento e Alimentação (-118), que engloba as empresas de hotéis, pousadas, motéis, bares e restaurantes. Além destes, atividades de Artes, Cultura, Esporte e Recreação (-10); e de Transporte, Armazenagem e Correio (-81), que engloba o transporte de passageiros, também extinguiram postos de trabalho no mês de abril.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o turismo em Roraima já começou a ter perdas significativas a partir de março deste ano, quando, depois de dois meses seguidos de crescimento no faturamento, houve uma retração de 16,58%, que representa uma perda de R$ 4,3 milhões.

 

Gráfico 5 – Faturamento do turismo em Roraima*.

Fonte: Indicadores de Faturamento do Turismo / CNC; Elaboração: Fecomércio-RR

Nota: *Dados sujeitos a alterações.

 

No acumulado do ano, o turismo ainda apresenta um crescimento de 5,87%, na comparação com o mesmo período do ano passado, contudo, essa elevação deverá ser corroída ao serem divulgados os dados referentes aos meses de abril e maio.

Entendendo a gravidade da situação pandêmica na qual o país se encontra, concomitantemente com a recessão abrupta na qual todos os brasileiros estão passando, a CNC criou uma cartilha de orientações para a retomada das atividades econômicas no Brasil[1].

Com base em modelos já implementados no Brasil, além do conhecimento específico dos negócios do setor terciário, as áreas técnicas da CNC recomendam que as empresas possam retomar suas atividades seguindo um cronograma de quatro etapas.

O cronograma foi estabelecido com base no risco de aglomeração, atendimento a grupos de risco, essencialidade do serviço e potencial contato físico com clientes.

Assim, Estados e Municípios que se enquadrarem nas recomendações do Ministério da Saúde, e que já tiverem seus decretos e normas de retomada estabelecidos, estariam aptos a iniciar a gradativa reabertura do comércio e serviços.

De modo geral, a CNC, preconiza 10 orientações básicas, a serem adotadas pelos estabelecimentos comerciais para a reabertura de seus negócios:

 

  • Permanência limitada a 50% da capacidade do estabelecimento;
  • Controlar o fluxo de cliente, observando a distância de 1,5m entre as pessoas;
  • Afastamento de empregados integrantes dos grupos de risco;
  • Proibir o acesso de quem não estiver usando máscara;
  • Preferência pelo home office ou revezamento nas atividades em que isso for possível;
  • Disponibilizar álcool para higienização das mãos de clientes e funcionários;
  • Evitar reuniões presenciais;
  • Evitar a disponibilização de cosméticos para prova (batom, perfumes, bases, pós, sombras e cremes hidratantes, entre outros);
  • Orientar e treinar os funcionários para o correto atendimento aos clientes, respeitando as normas de distanciamento e higiene;
  • Envolver com papel filme e higienizar frequentemente, sem a presença dos clientes, as máquinas de cartão de crédito e telefones de uso comum.

 

Seguindo as orientações contidas na cartilha da CNC os seguimentos do comércio e serviços estarão aptos a retomares suas atividades de forma segura e organizada, desde regulamentado pelas autoridades competentes, evitando maior disseminação desta pandemia, mas sem relegar ao limbo as atividades empresariais que sustentam a nossa economia.

 

FÁBIO RODRIGUES MARTINEZ

CORECON-RR 2077

[1] <http://afavordobrasil.cnc.org.br/wp-content/uploads/2020/05/Cartilha_remotada_com%C3%A9rcio_baixa.pdf>

Facebook
Twitter
Email
Imprimir