FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE RORAIMA

Megatendências 2030

Artigo Técnico 34/2018 de 26 de setembro de 2018

 

 

Megatendências 2030

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), através do seu Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia desenvolveram um estudo apresentando 8 megatendências mundiais de longo prazo que moldarão a indústria e a sociedade, e que são oportunidades para as empresas brasileiras crescerem.

Segundo a FIESP esta é a perspectiva de como estará o mundo em 2030:

Fonte: FIESP

Com base nesta perspectiva de crescimento econômico e populacional no mundo, as 8 megatendências elencadas pelo estudo da FIESP são: 1) Intensificação da demanda por alimentos; 2) Aumento da demanda por energia; 3) Expansão do entretenimento e turismo; 4) Mudança no padrão de produção; 5) Urbanização e emergência de megacidades; 6) Infraestrutura moderna e competitiva; 7) Envelhecimento da população; e 8) Aumento das tensões geopolíticas.

A primeira megatendência “Intensificação da demanda por alimentos” está relacionada ao crescimento da população (principalmente nos países mais vulneráveis) e ao aumento da renda.

Fonte: FIESP

Segundo os estudos, o Brasil já realizou investimentos neste setor e tem condições de absorver o aumento da demanda mundial por alimentos, contudo, muitas tecnologias ainda são importadas. Por isto, a FIESP destaca que tecnologias capazes de reduzir custos e expandir as oportunidades de penetração do produto nacional no exterior são essenciais para essa estratégia, como por exemplo o uso de nanotecnologia para ampliar a validade dos alimentos.

Além disto, importantes regiões do Brasil estão passando por desertificação, o que demanda técnicas para dessalinização, novas tecnologias e equipamentos que permitam a reutilização da água.

Por fim, verificasse também oportunidades em alimentos funcionais.

A segunda megatendência “Aumento da demanda por energia” também está relacionada ao crescimento da população e ao aumento da renda.

Fonte: FIESP

Como observa o estudo, o país tem um dos maiores potenciais energéticos em fontes renováveis do mundo, principalmente em relação a hidrelétricas. Tem também potencial de produção de máquinas e equipamentos para geração e distribuição de energias renováveis.

Além de possuir tecnologias já desenvolvidas em biomassa para substituir o petróleo, gás natural e carvão, como é o caso do etanol.

Ainda segundo o estudo, o Brasil está entre os dez países com os maiores produtores de energia eólica do mundo, e conta com conhecimento tecnológico no desenvolvimento de turbinas.

Por fim, o país praticamente ainda não utiliza em escala comercial todo o seu potencial em energia solar. Uma utilização em larga escala permitiria uma redução nos custos da tecnologia, tornando esta modalidade uma excelente oportunidade de negócios.

A terceira megatendência “Expansão do entretenimento e turismo” relaciona-se com o crescimento da renda e as novas tecnologias “poupadores” de trabalho, o que permitirá que a população mundial disfrute de mais tempo de lazer.

Fonte: FIESP

Embora o Brasil não figure entre os principais exportadores de bens e serviços criativos, o setor já representa uma parcela importante da economia brasileira, ocupando cerca de 1 milhão de trabalhadores com carteira assinada.

A FIESP afirma que existem oportunidades para crescimento das empresas brasileiras nos segmentos de consumo, com destaque para a publicidade e arquitetura, explorando as novas mídias de comunicação. Nesses nichos há limitações para penetração de produtos e serviços importados.

Além disto, o estudo afirma que o aumento do consumo pode impactar os segmentos de design, moda e aqueles ligados à cultura e às mídias.

A quarta megatendência “Mudança no padrão de produção” refere-se à eficiência energética e a diminuição da emissão de poluentes, que terão cada vez mais importância no sistema de produção.

Fonte: FIESP

Segundo a FIESP, diferentemente das demais megatendências, essa tem características mais horizontais, podendo-se incluir nela praticamente todos os setores analisados.

Especificamente nesta megatendência o estudo levanta alguns questionamentos, como ponderar sobre até que ponto será possível substituir os combustíveis fósseis pelos renováveis? Até que ponto países desenvolvidos colocarão restrições comerciais ao desenvolvimento de tecnologias não poluentes (já que acesso ao seu mercado é o principal poder de barganha na reversão do aquecimento)? E por último indaga sobre qual seria o potencial do Brasil no desenvolvimento de tecnologias mais eficientes?

A quinta megatendência “Urbanização e emergência de megacidades” está ligada ao um cenário de aumento da urbanização, sobretudo em áreas que estão crescendo rapidamente, como o leste asiático e pacífico, sul da Ásia e África subsaariana.

Segundo estudo, existe tendências de aumento da urbanização e sofisticação tecnológica que darão origem a cidades inteligentes (“smart cities”). Exigindo para tanto automação e integração dos sistemas de transporte, energia, prevenção de acidentes, saneamento, água, etc.

Fonte: FIESP

Fonte: FIESP

Segundo a FIESP, a urbanização brasileira tem características específicas, como a predominância de cidades médias, por isso gera oportunidades para desenvolvimento de tecnologias de big data para organização do tráfego, que é crescente.

Como exemplo o estudo apontou o caso da Holanda, onde a empresa Ericsson conectou ¼ de todos os semáforos do país com inteligência artificial, o que permitiu a redução em 10% nos congestionamentos em horários de pico.

Os sistemas rodoviários e ferroviários também terão de se adaptar a estas novas características. Além disto, a falta de planejamento das cidades originou problemas de mobilidade de grandes contingentes de pessoas.

O estudo ressalta ainda que como o país tem poucos recursos investidos em habitação, saúde, educação e segurança, será necessário racionalizá-los cada vez mais.

A sexta megatendência “Infraestrutura moderna e competitiva” se deve ao fato de que em países da Europa e os Estados Unidos possuem parte de suas ferrovias e portos obsoletos e precisam ser modernizados, enquanto que em países da América Latina, além de obsoletos, é preciso expandi-los para que estes países possam competir internacionalmente.

Fonte: FIESP

A infraestrutura pode ser o principal driver de crescimento no curto e no médio prazo, já que é imprescindível para o desenvolvimento das tecnologias da indústria 4.0.

O estudo aponta que de forma geral a infraestrutura brasileira é insuficiente e defasada. Nos transportes está precária e desatualizada, além disto, há oportunidades em telecomunicações, no desenvolvimento de tecnologias auxiliares na expansão de sistemas em áreas remotas, que são pouco exploradas por países desenvolvidos.

Contudo, a FIESP adverte que as principais restrições nesta área vêm da insegurança jurídica e do lado fiscal, já que os investimentos em infraestrutura são geralmente feitos por empresas em conjunto com governos.

Outra importante advertência levantada pela FIESP é o fato de que a indústria 4.0 depender da modernização da infraestrutura brasileira, sobretudo a de comunicações, pois depende essencialmente da interconexão entre fábricas e consumidores.

Por isso é imprescindível que se possam armazenar, processar e comunicar elevadas quantidade de dados, acessíveis de qualquer lugar no mundo.

A sétima megatendência “Envelhecimento da população” reflete o fato das pessoas deverão viver mais de 100 anos dentro de algum tempo combinado com famílias tendo cada vez menos filhos.

O estudo mostra que atualmente existem 608 milhões de idosos no mundo, este número deve saltar para 836 milhões em 2030. Especificamente no Brasil, os idosos representam 7,8% da população atualmente, mas em 2030 esse percentual deve chegar a 11,4%.

O que gera como consequência que o novo perfil demográfico será determinante nas transformações da demanda mundial.

Fonte: FIESP

Como o estudo da FIESP aponta, a população idosa apresenta uma grande especificidade nos produtos e serviços demandados, e por ser uma população com renda maior do que a população mais jovem, isso terá um impacto na estrutura de produtos e serviços que serão necessários.

Para a FIESP, a população idosa brasileira envelhece a uma taxa superior à média mundial. O mercado nacional é relevante na garantia de que empresas brasileiras possam se estruturar internamente e, então, se internacionalizarem. As compras governamentais têm o potencial de fazer com que elas cresçam.

A última megatendência “Aumento das tensões geopolíticas” deve-se as turbulências políticas e econômicas mundiais, que recolocam a questão da segurança nacional em pauta, abrindo espaço para a indústria da defesa e segurança.

Fonte: FIESP

Segundo o estudo, ao contrário das outras indústrias, os países não comercializam tecnologias de ponta. Por isto é indispensável que se tenha uma indústria da defesa para a garantia da segurança nacional.

Ainda segundo a FIESP, no Brasil, apesar de haver empresas de armamentos, o foco é em baixa tecnologia, e há pouco investimento em criptografia e transferência tecnológica.

Fonte: FIESP

Finalizando, a FIESP observa que é compreensível que os investimentos em tecnologia e inovação não sejam as prioridades entre o rol de necessidade a serem transpostas pelas empresas brasileiras no curto prazo, mas é preciso conhecer quais tecnologias estão à frete destes processos de transformação e como a indústria pode incorporara esses novos elementos para buscar responder a esse novo mundo digital.

A FIESP enfatiza ainda que a transformação positiva precisa começar agora e deve envolver toda sorte de fornecedores e parceiros.

 

FÁBIO RODRIGUES MARTINEZ

CORECON-RR 2077

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